O Marítimo defronta o Estoril Praia no Caldeirão, razão suficiente para que Vasco Seabra manifeste júbilo pelo privilégio de regressar ao âmago da legião maritimista. Muito sensível à paixão que distingue todos aqueles que, jogo após jogo e ano após ano, sobem em peregrinação aos Barreiros, o treinador dos verde-rubros enfatiza o inestimável estímulo que “a alegria e a emoção” transmitem à equipa. Um caso de contágio virtuoso – e recíproco – que, desejamos todos, voltará a embalar o ´Maior das Ilhas’ para outra chegada ao destino: a vitória.

Há uma mística no discurso de Vasco Seabra que até parece congénita. As constantes referências ao “Caldeirão” reflectem a rápida comunhão que se estabeleceu entre o Club Sport Marítimo e o técnico natural da Capital do Móvel. Saudar e honrar o Marítimo, com Seabra ao leme da equipa, significa chegar ao fim do jogo “com a sensação de que demos tudo o que tínhamos”. Compromisso, atitude e responsabilidade, virtudes das quais Seabra não abdica e que contribuem para um Marítimo que tem de ser “competitivo e dominador”.

Confrontado pelos jornalistas sobre um mercado de inverno pouco agitado no clube, Seabra explicou que Marítimo esteve sempre atento a eventuais possibilidades, “mas nós não contratamos por contratar. Se não vem para somar, continuamos com os nossos jogadores, nos quais confiamos em absoluto”, enfatizou, antes de alertar para uma nuance: a equipa principal do Marítimo reforçou-se, na verdade, com Miguel Sousa e Mosquera, dois atletas que tinham vindo a evoluir na equipa secundária. Um sinal de que a equipa técnica mantém sob constante observação a equipa B e os Sub-23, conjuntos que podem proporcionar alternativas internas sem a necessidade, quase imposta pela tradição, de ir ao mercado.

O Marítimo recebe o Estoril com vários jogadores em risco de exclusão para o próximo jogo, fruto dos cartões amarelos acumulados. Não é preocupação para Vasco Seabra, técnico que não hesita no momento de eleger o duelo mais importante da época: “Sábado, frente ao Estoril. Porque é o próximo. O próximo jogo é sempre o mais importante”. Se as circunstâncias da partida, sublinhou o técnico, redundarem no castigo de um ou outro jogador, Seabra tem absoluta confiança em todos os elementos à sua disposição, capazes de “darem a resposta de que precisa a equipa”.

O adversário do Marítimo conquistou um ponto nas últimas 5 jornadas, trajecto recente menos fulgurante que não influencia a equipa insular. “O nosso grupo foca-se muito naquilo que tem de fazer”, realça o timoneiro maritimista. Independentemente do adversário e dos resultados alcançados até aos duelos com o Marítimo, o que interessa a Vasco Seabra é um Leão do Almirante Reis de garras bem afiadas, mandíbulas inquebráveis e muita fome de vitórias. Com humildade e total dedicação, “sabemos que somos muito difíceis de bater se estivermos nos nossos limites”.

Sábado, a partir das 15h30, a vulcanologia das metáforas prevê actividade significativa no Caldeirão.