Empate a uma bola frente ao Arouca num Caldeirão que acreditou até ao derradeiro segundo
Romaria de Domingo ao Caldeirão para o culto do Marítimo. A Família verde-rubra respondeu ao toque a rebate e cerrou fileiras no apoio aos rapazes do Almirante Reis. João Henriques, para a recepção ao Arouca, promoveu o regresso à titularidade de Zainadine, o internacional moçambicano que estava afastado da competição desde o final de Agosto, devido a lesão. O central liderou a equipa, assumindo a braçadeira de capitão. Antes de se iniciar a partida, o ‘Outubro Rosa’ foi assinalado, iniciativa inserida no combate ao cancro da mama. Depois, o Capitão Edgar Costa recebeu a homenagem reservada a poucos: 250 jogos ao serviço do Maior das Ilhas. “É o xavelha, o nosso capitão é o xavelha.” Ovação merecida a um homem que sente como poucos a causa maritimista. Altas temperaturas no Caldeirão.
O primeiro sinal de perigo pertenceu ao Marítimo. Vítor Costa subiu pelo seu corredor, cruzou tenso, mas o Arouca afastou para canto. Xadas converteu o lance de bola parada e, após insistência no ar, o esférico sobrou para Zainadine, com o moçambicano a disparar um pouco por cima do travessão. Na resposta, o Arouca ensaiou o remate de longe, com Trmal atento. Até aos 12 minutos, toada de equilíbrio. Depois, o Leão do Almirante Reis mostrou as garras. Construção de ataque desde Trmal, bola em Leo Andrade e Vìtor Costa, chamada de Joel para tabela com Vidigal, Beltrame a acompanhar o lance e a desferir um míssil que Arruabarena só conseguiu rechaçar. Na recarga, como uma flecha, Vidigal levou o Caldeirão à euforia. O Marítimo na frente.
Cláudio Winck, aos 21 minutos, conquistou metros pela direita e cruzou para a área, aparecendo Joel ligeiramente atrasado para o desvio que o Caldeirão desejava. Continuava o Marítimo a insistir. Xadas, aos 24, serpenteou entre os defesas adversários e rematou forte, mas o tiro foi bloqueado. Na sequência, Vidigal girou e, à meia volta, falhou por centímetros um golo antológico. Perto da meia-hora, boa circulação do Marítimo no último terço do Arouca, com Vítor Costa a aparecer bem posicionado. O brasileiro tentou a felicidade, mas o remate saiu ao lado. De novo, dinâmicas atacantes auspiciosas por parte do Leão insular. Pouco depois, Vidigal protagonizou nova ameaça. O extremo antecipou-se ao guardião e parece ter sido travado em falta numa segunda instância. Não obstante, seguiu o jogo. Aos 36, recuperação de bola por Diogo Mendes na saída do Arouca. Descompensada, sorriu a fortuna ao adversário quando a bola atravessou toda a área sem que aparecesse o toque verde-rubro. Pressionava o Marítimo em busca do segundo golo. Vítor Costa, em velocidade furiosa, subiu pela esquerda e levou o pânico à baliza do Arouca. Feroz e ávido, o Leão insular mordia e acabou mesmo por marcar. Vidigal bisou, mas o lance foi anulado por gfora-de-jogo. O Caldeirão fervia, mas chegou o gelo. Matheus Costa errou e o Arouca empatou. Uma injustiça atroz que não abalou a falange maritimista, de imediato unida no incentivo a uma equipa que não merecia tamanha infelicidade. O intervalo chegou com o Marítimo empatado a uma bola.
Durante o tempo de repouso, Francisca Henriques, o maior talento jovem da patinagem de velocidade em Portugal, foi homenageada pelo Club Sport Marítimo. Em pleno relvado, a multicampeã nacional e bicampeã europeia recebeu um louvor e, acompanhada por João Canada, mereceu volta ao Caldeirão para o devido tributo por parte dos maritimistas.
O Marítimo regressou ao relvado dos Barreiros sem alterações. O Arouca esteve muito perto de marcar logo na primeira ameaça. O avançado adversário ganhou em velocidade, contornou Trmal, mas o checo foi muito rápido e fez a mancha. Que susto no Caldeirão. Aos 50 minutos, o árbitro assinalou grande penalidade sobre Joel. Depois de alguns minutos em aparente diálogo com o VAR, o juiz recorreu às imagens e reverteu a decisão. Esteve bem o árbitro. Que fosse sempre assim no momento de reverter decisões erradas e injustas.
O Arouca voltou a assustar aos 56. Alan Ruiz, depois de um domínio que parece ter sido à margem das leis, trabalhou bem e disparou para defesa muito difícil de Trmal, junto ao canto inferior esquerdo. Aos 62, gritou-se golo nos Barreiros, mas o guarda-redes do Arouca susteve o tiro de Leo Andrade. Não obstante, o central brasileiro estava em fora-de-jogo. Aos 65, Joel antecipou-se ao central do Arouca e, já em desequilíbrio, rematou para defesa de Arruabarena.
João Henriques mexeu na equipa aos 67 minutos. Beltrame cedeu o seu lugar a João Afonso. Aos 79, João Henriques arriscou mais e lançou Chucho Ramírez, retirando o central Matheus Costa. O Marítimo queria mais, muito mais. Aos 86, João Henriques chamou o Capitão Edgar Costa e o avançado peruano Percy Liza. Saíram Xadas e Joel. A entrada do Capitão acentuou a raça da equipa. Aos 88, Diogo Mendes sofreu falta à entrada da área. Edgar Costa executou o livre, mas a barreira rechaçou. Na recarga, o madeirense atirou, com o pé esquerdo, por cima.
O árbitro concedeu 6 minutos de tempo-extra. No primeiro minuto, Liza tentou rodou dentro da área e caiu. O Caldeirão explodiu em contestação. O árbitro Manuel Oliveira, porém, nada assinalou e não recorreu às imagens. O Marítimo acreditava, o Caldeirão estava em ebulição e Chucho merecia o golo. Notável cabeceamento e defesa inacreditável do guardião do Arouca. O jogo terminou com um empate que fere o Marítimo, a equipa que mais fez por vencer.
Obrigado aos mais de 9 mil maritimistas que rumaram aos Barreiros. É convosco, com este apoio incansável, que vamos encontrar a felicidade que teima em fugir.