A equipa de Tulipa esteve em vantagem, mas o Vizela deu a volta e segue em frente na competição

O Maior das Ilhas abriu as hostilidades 2023/2024 em Vizela. Jogo com ingredientes especiais para alguns protagonistas verde-rubros neste regresso à competição. Tulipa regressou ao banco no Estádio do Vizela Futebol Clube, mas ao comando do Leão do Almirante Reis. Igor Julião, também ex-Vizela, assumiu a lateral direita insular, enquanto Marcos Silva, após dois empréstimos, assinou o seu primeiro jogo oficial ao serviço do Marítimo. Lucas Silva e Platiny, reforços para o ataque, mereceram primazia. Francis Cann, extremo ganês com passagem pelo Vizela, também foi promovido a titular. Na baliza, Romain Salin regressou à defesa literal da causa verde-rubra, uma data que é efeméride na longa história do gaulês. Dylan Collard também poderá sublinhar o 22 de Julho: o gigante central cumpriu o seu primeiro jogo como titular – e sub-capitão – do Marítimo. Nas bancadas, mais do mesmo: os peregrinos do Marítimo ofereceram escolta ao Leão do Almirante Reis. O Maritimismo em romaria pelo país, haja o que houver.

Xadas capitaneou a equipa, Matheus Costa – outro regresso a Vizela – fez dupla com Dylan, Vítor Costa ocupou a lateral esquerda, René Santos e Marcos Silva compuseram o miolo, Cann e Lucas nas alas e Platiny na frente. O Marítimo esteve na iminência de se estrear a marcar logo no primeiro minuto oficial da temporada 2023/2024. Após canto conquistado por Lucas Silva, Matheus Costa apareceu sem marcação e em posição ideal para celebrar. No entanto, o remate saiu muito por cima. O Vizela ripostou com um ataque rápido. Igor Julião foi batido, a bola chegou à área e Matheus deu o peito à bala, impedindo males maiores. O Vizela insistiu e Salin mostrou os consabidos atributos, voando para ceder canto.

Jogo bem disputado, intensidade muito significativa para esta fase embrionária da temporada. Depois de algumas ameaças vizelenses, sem grandes sobressaltos para Salin, Francis Cann aplicou a canhota para tirar um cruzamento perfeito. Lucas Silva aparece na frente do defesa vizelense e, quando procura cabecear, parece ter sofrido um toque. O árbitro da partida, Bruno Vieira, ouviu o VAR, não viu as imagens e mandou seguir. Tulipa manifestou-se. Muitas dúvidas num lance prometedor. [Um pouco mais tarde, Bruno Vieira não adoptou o mesmo critério. Ouviu o VAR e viu as imagens. Já lá vamos, infelizmente, ao momento em que alguém gritou “outra vez milho”?]

O Vizela voltou a incomodar Salin aos 21 minutos. Remate exterior, a bola sofre desvio em Dylan e o efeito caprichoso dificultou a missão de Salin, com o gaulês a não segurar. Matheus Costa, lesto, afastou quando já se preparava um vizelense para alvejar as redes madeirenses. Os homens de Tulipa regressaram às imediações da baliza à guarda de Buntic. Xadas atirou fortíssimo, mas a bola foi rechaçada. Foi o ensaio geral de Xadas para o golo inaugural da temporada maritimista. O esquerdo tirou um cruzamento milimétrico, Lucas apareceu, de novo, em posição privilegiada para cabecear, mas sofreu falta capital de Ivanildo. O árbitro aponto para castigo máximo sem hesitar. Xadas, sereno na conversão, não deu hipóteses. O Marítimo em vantagem aos 30 minutos.

Na frente do marcador, o Marítimo manteve-se estável e não permitia veleidades aos anfitriões. No entanto, aos 42 minutos, Salin demorou a afastar o esférico e permitiu a intercepção de Alex Mendez. O francês pontapeou a bola, mas acabou por atingir o avançado caseiro. Pergunta-se: como é que Salin poderia impedir o movimento natural da perna após o remate? Penalty para o Vizela, depois da intervenção do VAR e com o árbitro a analisar as imagens, o que não fez quando Lucas Silva se queixou de um toque que o fez tropeçar dentro da área. Samu bateu Salin. Empate tremendamente injusto, penalty que legitima as queixas de Tulipa. Se Newton estivesse no VAR, talvez a “interpretação” fosse outra. 1-1 ao intervalo. O leite continua azedo, Cesariny, e o grito não serve porque o gerente está mouco.

Tulipa não mexeu no “onze” durante o intervalo. Do outro lado, Pablo Villar também não. As equipas retomaram um jogo que se manteve sob o signo do equilíbrio, sem qualquer lance de perigo durante os primeiros 10 minutos. Aos 55, após canto, Buntic falhou a intervenção, Marcos Silva foi surpreendido e não aproveitou. O Marítimo tinha mais bola, jogava a toda a largura do campo, variações de flanco frequentes, meio-campo pressionante, com Marcos Silva em particular destaque. A matriz de Tulipa já é bem visível nos momentos de pressão, transição e posse. No banco, o treinador verde-rubro mandou para aquecimento 5 jogadores: Tomás Domingos, Diogo Mendes, Val Soares, Francisco Gomes e Joel Tagueu.

A primeira substituição da temporada verde-rubra aconteceu aos 60 minutos. René Santos cedeu o seu lugar a Diogo Mendes. Cann e Lucas, à esquerda e à direita, mostravam-se arrojados no araque à linha de fundo. Muito solidário com os colegas do sector mais recuando, Francis Cann mantinha o fôlego na hora de arrancar. Lucas, autor de uma bela exibição na primeira parte, continuava a criar problemas ao lateral esquerdo do Vizela, o que obrigava Samu a recuar mais do que o habitual.

Tulipa voltou a mexer. Joel Tagueu em campo para ser “cruel”, meses depois da sua última aparição, e estreia absoluta para Tomás Domingos. Saíram Platiny e Igor Julião. Muito aplaudido o lateral-direito que agora sua a lendária “verde-rubra”. As estreias absolutas prosseguiam. Carlos Parente foi a jogo. O 22 de Julho também fica na agenda das boas efemérides do brasileiro. Mais aplausos vizelenses para outro jogador do Marítimo substituído: Francis Cann. Excelentes sinais do ganês a prometer uma temporada de grande nível. Em simultâneo, Lucas Silvas foi rendido por Val Soares. 10 minutos para os 90.

Carlos Parente explicou, com toques refinados, as razões que subjazem à sua chamada. Aos 84, e já depois de um outro pormenor do esquerdino, o brasileiro desorientou o defesa e sofreu falta. Prometia levar perigo o livre cobrado por Xadas, mas a defesa vizelense sacudiu. O Marítimo insistia, o Vizela temia. Aos 86, Joel trabalha bem na área, rodou e atirou para golo. Buntic negou com uma defesa à andebol. Excelente jogada do Marítimo, brilhante o trabalho do internacional camaronês que esteve pertíssimo de voltar ao ofício do golo pelo Leão do Almirante Reis.

O Marítimo queria a vitória, mas o Vizela reapareceu. Aos 89 minutos, Lebedenko atirou um míssil que deflagrou na barra de Salin. A equipa da casa recuperou confiança e acabou mesmo por marcar. Jogada pelo lado direito, a bola atravessa a área do Marítimo, Marcos Silva hesita e Nuno Moreira, à meia-volta, atirou a contar e classificou o Vizela para a 2ª eliminatória da Allianz Cup.

Derrota injusta do Marítimo neste jogo inicial. A equipa merecia mais. Os peregrinos mereciam mais. Continuemos em busca da felicidade.