Entrada em falso e reviravolta com golos de Lucas Silva e Matheus Costa

O esplendor do futebol português na 1ª jornada da Liga SABSEG. O Marítimo subiu até à Choupana para defrontar o CD Nacional. Com o Leão do Almirante Reis, a romaria que oferece escolta, em todo o lado, ao Maior das Ilhas.

Após 40 anos, os dois maiores clubes do Portugal insular reencontram-se, infelizmente, na divisão secundária. Grande ambiente no Estádio da Madeira, uma verdadeira lição de amor clubístico cuja rivalidade salutar só embeleza.

Tulipa definiu um “onze” sem alterações em relação ao jogo inaugural da temporada 23/24, em Vizela. Salin entre os postes, Dylan e Matheus Costa no eixo da defesa, com as laterais entregues a Igor Julião e a Vítor Costa. À frente da defesa, René Santos e Marcos Silva, com Xadas no apoio a Platiny. Nas alas, Francis Cann e Lucas Silva. O 11 verde-rubro saudou os cerca de 1000 peregrinos, divididos pelas duas bancadas, sob a canícula deste dia que ferveu ainda mais com o Maritimismo ao alto. O Marítimo estreou a nova pele do Leão do Almirante Reis. Nas bancadas, muitos adeptos também já exibiam as novas camisolas.

José Bessa, o árbitro da partida, deu ordem de jogo. O anfitrião com a primeira posse de bola, logo recuperada pelos homens de Tulipa. Pertenceu ao Marítimo o primeiro ataque digno de registo, logo aos dois minutos. Boa circulação de bola, Xadas com a batuta, a bola entrou na profundidade pelo flanco esquerdo e Platiny cruzou para o corte dos alvi-negros. Na resposta, o Nacional marcou. Gustavo Silva trabalhou bem na direita, tirou Vítor Costa do caminho e encontrou Jota solto à entrada da área. O 20 disparou rasteiro ao ângulo inferior esquerdo de Salin. O gaulês estirou-se, mas não teve hipótese.

O Marítimo procurou reagir, mas o Nacional mostrava-se coeso e ferino no contra-ataque. Aos 9 minutos, José Bessa apitou castigo máximo contra o Marítimo, após saída de Salin aos pés de Gustavo Silva. O VAR chamou José Bessa para rever o lance. Grande penalidade anulada por simulação de Gustavo Silva. O amarelo ficou no bolso de José Bessa.

O sustou acordou o Marítimo. Aos 13 minutos, boa abertura para Igor Julião, com o lateral a conquistar o primeiro canto da partida. Bateu Xadas, bem puxado ao segundo poste. O guardião alvinegro cedeu novo canto, quando Marcos Silva se preparava para cabecear. Xadas de novo, desta vez do outro lado e à maneira curta, mas sem perigo para as redes dos anfitriões. Aos 16 minutos, Cann, do lado direito, encontrou Platiny na profundidade. O avançado cruzou, a bola atravessou a área de Lucas França, mas a defesa alvinegra resolveu. Mais dinâmico o Marítimo, com Cann a trocar de posição com Lucas e Xadas a procurar espaços entre linhas. Foi de Xadas o remate exterior que foi desviado para canto. Na cobrança, Matheus Costa saltou mais alto, mas cabeceou ao lado do poste esquerdo.

O Nacional respondeu com um tiro de Lucas Esteves. A bola sofreu desvio num defesa do Marítimo e saiu pouco ao lado do poste direito de Salin. Primeiro canto para o Nacional aos 22 minutos, sem perigo. Ripostou o Marítimo com lance individual de Lucas, pela esquerda. Novo canto para o Marítimo. Xadas na execução, bola afastada, Cann recupera e volta a cruzar para a área. Marcos Silva cabeceou para golo, mas Matheus Costa foi apanhado em fora de jogo. Logo depois, Platiny voltou a conquistar a linha de fundo, cruzou a preceito, a bola atravessou toda a área e, outra vez, a defesa alvinegra rechaçou em desespero. O Leão do Almirante Reis insistiu. Cann descobriu Julião na direita e o brasileiro, com mestria, ofereceu a felicidade a Lucas. Em “peixinho”, o extremo brasileiro levou o Maritimismo ao rubro. Ou ao verde-rubro. Empate na Choupana, grande golo do Marítimo após brilhante trabalho colectivo.

O Nacional esteve muito perto de recuperar a vantagem. René Santos demorou a afastar, o Nacional exerceu pressão e Salin viu o poste negar, por duas vezes, o golo aos anfitriões. 30 minutos de jogo, pausa para hidratação. Temperatura do ar altíssima, Maritimismo em ebulição.

José Bessa admoestou Xadas com o amarelo aos 33 minutos, o primeiro da partida. Bola reposta, o Marítimo recuperou, Cann encontrou Platiny na direita, o ponta-de-lança ganhou a linha e assistiu para novo golo de Lucas Silva. No entanto, Platiny estava em posição irregular. Bem José Bessa e o seu auxiliar a permitirem que a jogada terminasse. Bem a equipa de arbitragem a invalidar o golo. Que grande jogo de futebol no Estádio da Madeira.

Superior o Marítimo, grande exibição de Platiny. À esquerda, o brasileiro driblou três adversários e cruzou, mas a defesa caseira cedeu canto. Xadas, sempre Xadas, a causar o pânico na área adversária. O Nacional conseguiu afastar, Cann recuperou e desferiu um obus com selo de golo. Um defesa da casa deu o corpo às balas. Literalmente.

O intervalo chegou com o empate a uma bola, não obstante as investidas de uma e de outra equipa nos minutos finais da etapa inaugural. Resultado que se ajusta em função da produção dos rivais. Mais bola para o Marítimo, domínio territorial que não impediu contra-ataques viperinos do Nacional.

Tulipa não mexeu no “onze”. No minuto inaugural da segunda parte, Julião ultrapassou o opositor e foi derrubado. Amarelo para o defesa nacionalista, livre para o Marítimo. Xadas cobrou e o Marítimo marcou. Com regra e esquadro, o esquerdino guiou o esférico até ao segundo poste e Matheus Costa regressou aos golos. O Maior das Ilhas em vantagem na Choupana.

Endiabrado, Lucas Silva foi derrubado aos 10 minutos. André Sousa, autor da falta, viu o segundo amarelo e foi expulso. Tiago Margarido, em desvantagem numérica e no marcador, lançou duas unidades atacantes.

O jogo tornou-se bastante quezilento após a expulsão de André Sousa. O banco do Nacional muito contestatário, a obrigar José Bessa a deitar a água possível na fervura do dérbi. Aos 17 minutos, arrancada de Cann pela esquerda. O ganês foi ceifado pelo defesa contrário. Outro amarelo para defensores do Nacional, mais um livre para Xadas. Após a cobrança, João Aurélio cedeu canto. À maneira curta, Xadas e Lucas tentaram a combinação que não surtiu efeito.

Tulipa introduziu duas alterações aos 27 minutos da segunda parte. Saíram Cann e Marcos Silva para as entradas de João Tavares e de Joel Tagueu. O Maritimismo ecoava na Choupana, com os devotos verde-rubros, numa bancada e na outra, num ricochete de Amor ao Marítimo.

Na primeira intervenção de Joel, o internacional camaronês sofreu falta. 30 minutos do segundo tempo, pausa para hidratação. Entretanto, Fábio China, Tomás Domingos, Diogo Mendes, Carlos Parente e Xico Gomes realizavam exercícios de aquecimento. Diogo Mendes foi chamado a jogo para o lugar de René Santos. O brasileiro saiu com queixas físicas.

O Marítimo esteve perto de dilatar a vantagem aos 36 minutos. Lucas isolou-se pela esquerda e serviu Platiny. Lucas França, com a “mancha”, impediu nova erupção de Maritimismo. Continuava o Marítimo em busca do terceiro golo. Aos 38 minutos, Joel sofreu nova falta de Paulo Vítor, central já admoestado e reincidente em faltas. Escapou, outra vez, ao segundo amarelo.

Aos 42 minutos, João Tavares iniciou o contra-ataque, lançou Lucas com Xadas em sprint pelo corredor direito. Com quase 90 minutos nas pernas e perante um calor extremo, Xadas isolou-se e atirou com o pé direito. Lucas Franças desviou para canto, mas José Bessa considerou que Lucas cometeu falta quando se preparava para uma eventual recarga.

O jogo chegou aos 90 minutos em estado de semi-loucura. José Bessa expulsou, com vermelho directo, João Aurélio. No banco do Marítimo, Tulipa mexeu de novo. Saíram Lucas Silva e Platiny, protagonistas de notáveis exibições. Entraram Fábio China e Carlos Parente. José Bessa concedeu 8 minutos de descontos no momento em que Carlos Parente, ao segundo poste, esteve muito perto de marcar.

Vitória do Maior das Ilhas a abrir a caminhada até à I Liga.

O Marítimo enaltece a exemplar recepção que o CD Nacional proporcionou ao staff verde-rubro e aos adeptos que se deslocaram ao Estádio da Madeira.