Caldeirão dos Barreiros em erupção para o duelo entre o Leão das Ilhas e o Sporting Clube de Portugal. Vasco Seabra lançou Clésio no “onze”, moçambicano que substitui o habitual lateral-direito verde-rubro, Cláúdio Winck, expulso no último jogo. O técnico maritimista também promoveu a ascensão de Xadas à equipa titular. No banco, e em relação ao último jogo, Joel Tagueu. Nas bancadas, a 10 minutos de se iniciar a partida, a ‘Saudação ao Marítimo’ provocou a primeira grande ovação verde-rubra, com os nossos devotos a responderem, em uníssono. “Marítimo, Marítimo, Marítimo”.
O adversário entrou com posse de bola, mas o Caldeirão empolgou-se logo aos dois minutos, com um raide de Rafik, a ultrapassar três oponentes e a cair. Manuel Oliveira, o juiz da partida, mandou jogar. Aos 5 minutos, golo do Marítimo. Era o Caldeirão a projectar lava logo nos minutos iniciais. Brilhante construção pelo lado esquerdo, entre Rossi e Vidigal, com o extremo maritimista a cruzar para a área. A defesa do Sporting não foi lesta e Xadas, com aquele talentoso pé esquerdo, a esticar as redes de Adán com um remate fulminante. O Leão das Ilhas com garras bem afiadas a ferir, pela primeira vez, os homens de Alvalade.
Entrada muito personalizada dos endiabrados campeões das ilhas. Aos 10 minutos, Alipour chegou um pouco atrasado a um cruzamento da esquerda. Nesta fase do jogo, o Sporting tinha mais posse e o Leão do Almirante Reis, sagaz, procurava as saídas rápidas para agredir os de Alvalade. À passagem dos 14 minutos, primeira grande ameaça do Sporting. A bola cruzou a pequena-área de Paulo Victor, bem junto à linha de baliza, mas o árbitro da partida assinalou fora-de-jogo. O Caldeirão suspirou. Na sequência, jogo muito dividido a meio campo, com Xadas a ser carregado, mas sem que o árbitro assinalasse falta. Logo depois, num lance que pareceu normal, Manuel Oliveira castigou alegada falta sobre um jogador verde-e-branco. Muitos protestos no Caldeirão. No entanto, o Marítimo manteve-se coeso e muito solidário perante a pressão lisboeta.

17 minutos e o Marítimo voltou a atormentar Adán. Rafik suportou todas as cargas e ofereceu a bola a Beltrame que, em boa posição, rematou forte e rasteiro para defesa segura, mas difícil, do espanhol. A partida chegava aos 20 minutos com a vantagem justa do Marítimo e um impressionante ambiente na casa do Leão insular. Zainadine, aos 21 minutos, foi arrojado a interceptar um remate de Bragança, já na área, após descoordenação da linha mais recuada do Marítimo. Na réplica, Vidigal infiltrou-se pela esquerda, conquistou espaço para o remate, mas o tiro acabou por sair com pólvora seca. Ficou novo aviso do contra-golpe verde-rubro.
O duelo entre Leões continuava intenso. Domínio territorial dos forasteiros, com o Marítimo a procurar brechas em transições rápidas. Aos 32, bom trabalho de Xadas, a rodar sobre o primeiro adversário. Depois, adiantou um pouco a bola e, na tentativa de chegar primeiro, derrubou o adversário. Primeiro amarelo.
A bancada adversária, com cânticos ofensivos contra o Marítimo, não ficou impune e a resposta dos maritimistas fez vibrar o Caldeirão. Em uníssono, ouvia-se “Somos nós, somos nós, o orgulho da Madeira somos nós”. A comunhão da falange maritimista a responder com elevação.
O Sporting chegou à igualdade após uma jogada na esquerda, com a bola a chegar a Slimani que, sem dificuldade, atirou a contar. Bola a meio campo e o Leão insular voltou a rugir. Cruzamento de Xadas e Alipour a bater Adán. No entanto, a intervenção do VAR anulou o golo ao iraniano por fora-de-jogo de Xadas. Frustração entre as hostes madeirenses. Madeirenses do Marítimo, note-se.
O jogo aproximava-se do intervalo. Na esquerda, Rossi foi carregado em falta. O juiz viu e assinalou, mas o Caldeirão exigia igualdade de critérios. Ficou um amarelo por mostrar a Bragança, na nossa opinião. Já nos descontos da primeira-parte, livre perigoso para os forasteiros. Bola ao segundo poste, Paulo Victor não segurou e o Sporting esteve muito perto de sair para o repouso em vantagem, mas valeu um corte providencial da defesa verde-rubra, sempre muito abnegada no socorro à última fronteira. Logo depois do calafrio, Manuel Oliveira apitou para o intervalo. Grande jogo no Estádio do Marítimo com um golo válido para cada lado e um golo bem anulado ao Marítimo.
Vasco Seabra não mexeu no onze durante o intervalo. Saiu o Marítimo para os segundos 45 minutos que se previam fervilhantes. Confirmou-se. Aos 48 minutos, Paulinho, pelo lado direito, ganhou espaço e atirou forte. Paulo Victor opôs-se com a qualidade habitual. Envolvido no lance, o esforço do capitão Zainadine deixou mazelas no moçambicano, mas nada que impedisse o seu contributo.
Os primeiros 10 minutos do segundo tempo viram um Sporting mais pressionante, a causar alguns problemas à defesa comandada por Paulo Victor. Matheus Costa foi admoestado com um cartão amarelo junto à lateral direita da defensiva insular. Depois reapareceu o ilusionista do Marítimo, Rafik. Mais uma jogada individual, com vários adversários batidos. Canto para o Marítimo, cobrado por Xadas, com a defesa visitante a afastar. Tudo igual no marcador à entrada da meia-hora final.
Seabra introduziu alterações perto dos 70 minutos. Saiu o autor do golo do Maior das Ilhas, Xadas, e entrou sangue madeirense: Edgar Costa. O Marítimo, sujeito à pressão, mantinha um bloco mais baixo. Aos 74 minutos, incursão de Porro pelo flanco direito, com o espanhol a desferir um potente remate ao alvo. A bola bateu na barra, na linha de golo e no poste de Paulo Victor. Sorte, muita sorte para o Marítimo.
Um Sporting mais incisivo obrigou Seabra a mexer na equipa. Saíram Beltrame e Alipour, rendidos por Diogo Mendes e Joel. Faltavam 15 minutos para os 90. Efeitos imediatos. Bola longa em Joel que, ao importunar os centrais, obrigam ao erro do Sporting. O esférico sobrou para Vidigal que não hesitou e disparou forte. Gritou-se golo no Caldeirão, mas Adán, com uma palmada, provocou um canto que se revelou inofensivo para os visitantes.
Rúben Amorim respondeu e, aos 80 minutos, lançou Vinagre para o lugar de Bragança. Luta intensa em campo, nos bancos e nas bancadas, com a legião maritimista sem poupar esforços – e gargantas – no apoio ao Campeão das Ilhas. Aos 84 minutos, novo sobressalto para Paulo Victor e todos os maritimistas, quando Coates ganhou nas alturas e cabeceou a rasar o poste esquerdo do brasileiro. Pouco depois, novo susto, com Paulinho a cabecear, já na pequena-área, por cima da barra. O Sporting insistia, sucediam-se os cantos e Seabra respondeu à pressão. Saíram Rafik e Vidigal. Entraram Leo Andrade e Henrique Rafael já perto dos 90 minutos.
Manuel Oliveira concedeu 5 minutos de compensação. O Caldeirão acreditava na vitória do Marítimo, mas foi o Sporting a causar perigo. Grande corte de Leo Andrade a evitar que o remate de Slimani incomodasse Paulo Victor. Entretanto, e após mais bolas longas lançadas para a área do Marítimo sem causar grandes danos, Manuel Oliveira apitou para o fim do jogo.
Empate no Caldeirão. O Leão das Ilhas defendeu o seu território. Embora aspirássemos à vitória frente ao campeão nacional em título, o empate, em função da maior pressão do Sporting na segunda parte, deixou orgulhosos os maritimistas. Mesmo após o jogo, continuavam a entoar cânticos que saudavam os endiabrados campeões das ilhas. A equipa de Vasco Seabra, reunida no centro do terreno, agradeceu o apoio e foi ovacionada.
Obrigado, rapazes. Grande jogo de futebol. Agora, segue-se expedição a Moreira de Cónegos.
Vamos a eles.