O Marítimo subiu ao Minho para defrontar, na cidade-berço, o Vitória. D. Afonso Henriques de espada em riste para receber o Maior das Ilhas. 14 mil vitorianos no apoio à sua equipa. Os peregrinos do Marítimo também rumaram ao Castelo e, durante largos períodos, dominaram os decibéis. Em relação ao último jogo, uma alteração no “onze”. Miguel Silva regressou à titularidade num jogo especial, já que o guardião foi catapultado para a ribalta nos vimaranenses. O Marítimo entrou a pressionar e conquistou o primeiro canto aos 5 minutos. Calafrios no D. Afonso Henriques após a execução de Xadas. Aos 8, incursão de Vítor Costa pelo flanco esquerdo, com o brasileiro a ultrapassar o opositor e a cruzar tenso. A bola sobrevoou Varela, mas Chucho e Vidigal não chegaram a tempo à chamada. Excelente entrada do Leão do Almirante Reis. O Vitória respondeu à altura. Contra-ataque veloz pela direita e um cruzamento rasteiro levou a bola a atravessar toda a área de Miguel Silva. O Marítimo, seguro de si, retaliou e o D. Afonso Henriques tremeu. Diogo Mendes pressionou Varela, o guardião tentou o drible e foi feliz por pouco.
Os verde-rubros continuavam a submeter o Vitória a pressão logo na primeira fase de construção. O Marítimo, à passagem do primeiro quarto de hora, já havia conquistado 4 pontapés de canto, sempre perigosos com o pé esquerdo de Xadas. Zainadine falhou por milímetros o cabeceamento que levaria selo de golo. Aos 21, Vidigal caiu na área, mas o árbitro francês considerou que não houve infracção. O Vitória, aos 25, obrigou Miguel Silva a uma brilhante defesa. Após vários minutos de jogo no meio-campo defensivo do Vitória, os anfitriões encontraram brecha na defesa insular, mas Miguel Silva demonstrou toda a sua qualidade.
Miguel Silva voltou a opor-se a um forte tiro aos 33 minutos. Manteve-se, porém, o Marítimo com domínio territorial, com o Vitória muito dependente de laivos individuais. Aos 39, bom trabalho do avançado caseiro, antes de um remate sustido pelo abdómen de Zainadine. Ficou combalido o homem que capitaneou o Maior das Ilhas. Já na compensação da primeira parte, Xadas teve oportunidade para exibir o pontapé, mas Varela segurou o remate que saiu forte, mas à figura. Os 45 minutos iniciais esgotaram-se com o D. Afonso Henriques quase em silêncio. Porque a legião verde-rubra fazia-se ouvir. Resultado ao intervalo que se ajusta, mas ninguém falaria em injustiça se o Marítimo regressasse aos balneários em vantagem.
O Marítimo voltou para o relvado do D. Afonso Henriques sem mexidas. No entanto, João Henriques mandou Sonora e Rafael Brito para aquecimento imediato. A toada da primeira parte mantinha-se. Bem o Marítimo na posse e na pressão, perigoso o Vitoria no contra-ataque. Vidigal, aos 56, sofreu entrada dura por parte do 90 vimaranense. O árbitro admoestou o vimaranense com um amarelo. Na sequência, Winck cobrou o livre e Zainadine desviou para a defesa da tarde. Varela negou o golo ao Marítimo. No entanto, o lance foi anulado por fora-de-jogo. Aos 63, Diogo Mendes infiltra-se na área adversária e cai. Não pareceu motivo para castigo máximo. O Vitória retaliou com a sua melhor combinação até ao momento. Por pouco os anfitriões não alvejaram a baliza de Miguel Silva.
João Henriques mexeu aaos 65. Chuco e Xadas cederam lugar a Joel e Sonora. O Vitória voltou a ameaçar aos 67. Johnston rodou já dentro da área, mas o remate saiu muito ao lado. Empolgava-se o D. Afonso Henriques. Parada e resposta. Vidigal ganhou terreno, teve a possibilidade de assistir Joel e acabou por ser desarmado. Uma jogada que poderia ter ferido o Vitória deu origem ao golo da vitória. Os vimaranenses recuperaram a bola, encontraram Tiago Silva com espaço e o médio disparou do meio da rua. Golo de antologia. Miguel Silva ainda voou, mas o remate era indefensável. Golpe muito duro.
João Henriques reagiu e lançou Rafael Brito. Saiu João Afonso. Faltavam 15 minutos para os 90 e o D. Afonso Henriques fazia jus à fama. O Marítimo procurava, agora, o empate que poderia ter surgido aos 77. Vítor Costa ganhou a linha de fundo e cruzou. Meio golo, faltou o resto. Entretanto, Pablo Moreno e Edgar Costa entraram na arena. Saíram Matheus Costa e Diogo Mendes. O Marítimo acreditava e Joel, à meia volta, atirou à figura de Varela. Pouco depois, de novo Joel como protagonista a obrigar Varela a socar, com a bola a pingar na área. O internacional camaronês recuperou o esférico, mas as redes já estavam protegidas. O Vitória esteve muito perto de ampliar aos 90 e, já na compensação, atirou ao poste. No entanto, os insulares mantinham a crença e o jogo terminou com o Vitória a baixar todas as linhas para rechaçar as derradeiras investidas do Marítimo. Todas infrutíferas, não obstante as vagas sucessivas. Calhou ao Vitória a felicidade num grande golo de Tiago Silva. O Marítimo sai de Guimarães com o gosto muito amargo de quem tomou um cálice que não pediu. E não mereceu.
Obrigado, Maritimistas, por todo o apoio no D. Afonso Henriques. Como vocês cantaram enquanto o D. Afonso Henriques ouvia, em reverência: o orgulho da Madeira somos nós. E seremos sempre.