Igor Julião e Platiny marcaram os golos com que o Marítimo derrotou o Paços de Ferreira

Tarde de sábado efervescente no Caldeirão, com mais uma peregrinação massiva: 7161 Maritimistas e duas dezenas de adeptos pacenses. Dia especial para o nosso João Canada, a voz do Marítimo que celebra, neste jogo, 25 anos enquanto speaker do Maior das Ilhas. O primeiro jogo de João Canada foi a 30 de Agosto de 1998. Obrigado, João, por essa alma infinda que tantas vezes inspira o Maritimismo a resistir contra toda e qualquer adversidade.

Marítimo – Paços de Ferreira, um encontro inédito na Liga SABSEG. Tulipa introduziu uma alteração no “onze”, lançando Diogo Mendes para o papel que René Santos tem vindo a desempenhar. Samu Silva entre os postes, a estreia do guardião português como titular no altar do futebol madeirense. Nas laterais, Igor Julião e Vítor Costa, com Dylan Collard e Matheus Costa no eixo da defesa. Diogo Mendes e João Tavares nas transições, Xadas com a batuta, Francis Cann e Lucas Silvas nas extremidades e Platiny na frente. No banco, destaque para as estreias absolutas de Baraye e Noah Françoise.

Grande ambiente nos Barreiros, nova demonstração de paixão de um clube sem igual. O Marítimo entrou com fulgor e, logo aos 4 minutos, Luca Silva invadiu o último terço, serviu Vítor Costa na esquerda, o lateral ganhou a linha de fundo e cruzou. A bola parece ter batido na mão de um defensor pacense. Todo o Estádio reclamou grande penalidade, mas o árbitro João Gonçalves, após um compasso de espera, mandou jogar. O Paços respondeu com uma boa incursão pelo flanco esquerdo, mas o último reduto maritimista consegui suster as várias investidas. 10 minutos de jogo, equilíbrio territorial com ligeiro ascendente verde-rubro.

Os ‘castores’ inauguraram os pontapés de canto à passagem dos 11 minutos. Sempre rápidos na segunda bola, a formação da Capital do Móvel insistia, o Marítimo não afastava a preceito, o que permitia à equipa forasteira subir linhas. Do canto nada resultou, embora o Paços mantivesse a posse após passes extraviados do Marítimo na tentativa de sair para o ataque. O Marítimo, no entanto, não desarmou e ripostou de forma letal. A jogada começou nos pés de Samu, Diogo Mendes rodou e distribuiu para Cann. O extremo apareceu, de novo, no miolo, abriu na esquerda para a flecha Vítor Costa, o lateral cruzou, Platiny falhou o desvio e o lateral do lado oposto, Igor Julião, disparou certeiro ao segundo poste. Redes agitadas, golo do Marítimo, euforia no Caldeirão. O Leão do Almirante Reis feria o “castor” num hino ao futebol de ataque vertiginoso.

O primeiro amarelo do jogou puniu Erick Ferigra aos 26 minutos. Platiny já tinha fugido e o Marítimo preparava-se para um assalto em superioridade numérica. Bem o árbitro. Logo depois, Lucas Silva infiltrou-se pela esquerda, entrou na área e caiu. O brasileiro reclamou toque para grande penalidade, mas o árbitro entendeu que não havia razão para castigo máximo. Retaliou o Paços. Jogada pelo flanco direito, tabelinhas consecutivas, bola na linha de fundo, “cruzamento de morte” e Samu Silva executa uma impressionante defesa instintiva a negar o empate em cima dos 30 minutos.

Ameaçava o conjunto orientado por Ricardo Silva, treinador que lidera uma equipa com legítimas ambições à subida. Nesta fase, os homens de Tulipa não conseguiam desfazer o cerco pacense, pelo que os “castores” ganhavam terreno e procuravam, com insistência, os flancos laterais para aproximações perigosas. O Marítimo acabou por afastar a pressão e recuperar domínio logo após uma falta dura de Antunes sobre Platiny que o árbitro, complacente, entendeu não punir com o legítimo cartão amarelo.

Depois de uns minutos sob pressão, o Marítimo soltou-se e soltou Vítor Costa. De novo a ganhar a linha de fundo, o brasileiro cruzou, a bola atravessou toda a área num decalque do primeiro golo, e Igor Julião apareceu ao segundo poste para bisar, mas o remate saiu enrolado. Muito dinâmicos os laterais verde-rubros na exploração da profundidade. Aos 42 minutos, Lucas Silva ganhou o duelo e, já dentro da área, caiu após um aparente toque à margem da lei. De novo, João Gonçalves mandou jogar. O Marítimo recuperou a bola e Lucas, protagonista nesta fase, atirou de longe, o esférico sofreu desvio e o canto foi mal menor para os pacenses. Levava destino certo o míssil de Lucas para as redes de Marafona.

João Gonçalves concedeu 4 minutos de compensação. O Paços voltou a acercar-se das redes de Samu na sequência de novo canto, mas o cabeceamento do central pacense saiu por cima da barra. Jogo intenso nos derradeiros segundos. O Marítimo conquistou um canto, a defesa pacense afastou e iniciou contra-golpe rapidíssimo, com a bola a entrar no flanco esquerdo e a cruzar a área de Samu, sem o toque que garantiria o empate ao Paços. Notável, no entanto, a solidariedade de jogadores como Francis Cann que fecharam as portas ao Paços após um sprint de um lado ao outro do relvado. Intervalo e o Marítimo em vantagem.

O Marítimo regressou ao relvado do Caldeirão sem alterações no “onze”. Lucas Silva, muito massacrado, foi castigado com outra entrada dura. Mais um amarelo, desta feita Marcos Paulo. Pouco depois, foi Igor Julião a ver o cartão amarelo. Toada muito semelhante à da primeira parte, com o Paços com mais bola, mas desta vez a procurar o remate exterior. Aos 52 minutos, Samu Silva controlou um esférico que passou ao lado do seu poste direito. O Paços insistia e João Tavares cometeu falta e viu amarelo, o que permitia aos forasteiros subir linhas e deslocar os centrais para a área do Marítimo. Muito perigo após um cruzamento-remate que ia traindo Samu. Depois, após o canto, aflição na área verde-rubra, valendo a segurança imperial de Samu que se opôs com firmeza a um tiro rasteiro e à queima-roupa. O Paços intensificava a pressão. Tulipa, atento, chamou René Santos e Euller Silva. Estavam jogados 56 minutos. Saíram Diogo Mendes e Lucas Silva.

Euller Silva disse ao que vem logo na primeira intervenção. O esquerdino rodou bem, dentro da área, e rematou para golo, mas a defesa pacense foi lesta e cedeu canto. Entretanto, Tulipa mandou para aquecimento Fábio China, Tomás Domingos, Bruno Marques, Baraye e Noah Françoise. O galês recebeu ordem para entrar, tal com o Tomás Domingos. Estreia absoluta do internacional jovem francês pelo Maior das Ilhas. João Tavares e Igor Julião, ambos com queixas físicas, saíram. Muito aplaudido o lateral brasileiro que se estreou a marcar pelo Leão do Almirante Reis. Do outro lado, Ricardo Silva também mexia e reforçava o seu poder atacante. Gorby e Rui Fonte em campo.

Aos 70 minutos, o momento do jogo. Platiny, sempre muito laborioso no duelo com os centrais, recebeu de Vítor Costa, rodou e, em arco, protagonizou um golo antológico. Explosão de Amor no Caldeirão. O Marítimo dilatava a vantagem. 2-0.

A perder por duas bolas, o Paços arriscou ainda mais, mas a defesa madeirense, muito coesa e concentrada, sustinha os ímpetos dos “castores”. Aos 80 minutos, o homem da braçadeira, Xadas, cedeu o seu lugar a Bruno Marques. Platiny tinha, agora, apoio mais próximo na luta com os centrais adversários. Dylan Collard assumiu a honra da braçadeira. O ex-Capitão da nossa equipa B a cumprir o sonho de capitanear a principal equipa do Marítimo.

O jogo aproximava-se dos 90 minutos e a equipa de Tulipa revelava notável maturidade na gestão da posse de bola. Durante largos períodos, o Marítimo circulava, abria espaços e forçava os pacenses a esforço suplementar. Samu, nesta fase, era espectador.

João Gonçalves atribuiu 7 minutos de compensação, sem nada de relevante a registar, à excepção de outra carga dura sobre Francis Cann que levou o juiz a admoestar João Celeri.

Fim de jogo.

Obrigado, Madeirenses de gema. Pelo Marítimo e pelo Maritimismo, a subir com os corações ao alto.