Empate frente ao Famalicão num jogo em que o Leão do Almirante Reis, durante largos períodos do jogo, não deixou respirar o adversário. Empate sabe a muito pouco.

Caldeirão em erupção para a recepção ao Famalicão. Na 12ª jornada da Liga Portugal BWIN, duas efemérides antecederam o duelo. O Novembro Azul, campanha de combate ao cancro da próstata, e a homenagem ao 12º jogador. As equipas entraram em campo lideradas por duas adeptos emblemáticas. Do lado verde-rubro, Margarida Romão, peregrina do Marítimo, corporizou uma divisa: 11 + 1 Povo.

O Marítimo iniciou o jogo sem alterações em relação ao “onze” que atacou os “castores” na última jornada. João Henriques já havia alertado para a qualidade dos famalicenses, também eles aquém das expectativas neste primeiro terço do campeonato. Entrou bem o visitante, com dois cruzamentos perigosos para as redes de Trmal. O Marítimo respondeu de imediato. Futebol feito de pressão sobre o portador da bola e critério na posse, os homens do Almirante Reis empolgavam a legião que subiu em nova romaria de Domingo aos Barreiros.

Aos 11 minutos, primeiro livre para o Marítimo. Xadas na execução exímia, Matheus Costa e o guardião Luíz Júnior disputaram a bola nas alturas, mas Fábio Veríssimo considerou que o central cometeu falta. Aos 14, recuperação de bola de Vidigal à saída da área maritimista, com o extremo a conduzir até encontrar Chucho que, na direita, puxou para dentro e atirou com o pé esquerdo. Remate rasteiro e forte, mas o guarda-redes visitante segurou. Aos 17, Vidigal, Xadas e Winck combinaram bem, Winck entrou na área e só faltou o último passe. Bem a última linha do Famalicão a afastar. Chucho esteve perto do golo aos 20 minutos: sempre por cima o Marítimo, Xadas tirou um cruzamento como ditam as regras e o ponta-de-lança venezuelano voou para o cabeceamento que acabou por não acontecer. Milímetros. O Caldeirão faiscava com a exibição soberana do Marítimo. Aos 24, Xadas rodou bem e atirou forte. O Caldeirão susteve a respiração, mas um desvio levou a bola a rasar o poste. Canto para o Marítimo, mais aperto para Luíz Júnior. Ao primeiro poste, apareceu um verde-rubro a tocar para o golo que o Caldeirão já merecia, mas apareceu o corte providencial dos homens comandados por João Pedro Sousa.

Imperial o Marítimo na disputa de cada centímetro de relva, de cada bola. Aos 26, Vìtor Costa trocou os olhos ao defesa e cruzou para a área. Vidigal, em esforço, saltou mais alto e, já em desequilíbrio, cabeceou sem perigo. Perante a avalance ofensiva do Marítimo, Luíz Júnior ressentiou-se de um toque e solicitou assistência. O Famalicão respirava. Entretanto, a equipa visitante assustou Trmal. Cruzamento do lado direito, o guardião checo hesitou e Kadile falhou o alvo. Ripostou o Leão insular. Vidigal, em diagonal desde a esquerda, atirou forte, mas por cima.

André Vidigal, aos 40 minutos, sofreu falta que, desta vez, Fábio Veríssimo assinalou. Winck cobrou o livre e o guardião socou. Carregava o Leão do Almirante, mas o Famalicão mostrava-se viperino no contra-golpe. Aos 44, corte incrível de Vítor Costa a impedir o remate de um famalicense que aparecia na cara de Trmal. Respondeu o Marítimo pela direita. Os suspeitos do costume – Winck, Vidigal e Xadas – entenderam-se bem e foi Winck quem cruzou para a área. Demasiado alto, porém, quando o Caldeirão já sonhava com o cabeceamento certeiro de Chucho.

Fábio Veríssimo concedeu 4 minutos de tempo-extra. Escasso, parece-nos, tendo em conta as várias paragens por força de lesões dos famalicenses. E foi o Famalicão a ameaçar, de novo, Trmal. Crucial o corte para canto do último reduto verde-rubro. Retaliou o Marítimo pela esquerda. Vidigal, Vítor Costa e Xadas ultrapassaram os defesas e foi o esquerdino quem, por duas vezes, tentou alvejar a baliza dos “azuis”. A segunda tentativa resultou em canto, na sequência do qual a bola sobrou para Diogo Mendes. O 6 do Marítimo preparava-se para rematar quando Fábio Veríssimo, para incredulidade geral, apitou para o intervalo. E está contada a história de uma primeira parte que parou demasiadas vezes. Recorde-se que o lema da Liga é “Não Pára”.

O Leão do Almirante Reis voltou para as investidas da segunda-parte sem alterações. Logo no primeiro minuto, Diogo Mendes foi ceifado no flanco esquerdo, já muito perto da área. Winck encarregou-se da conversão, a bola sofreu um desvio por parte do adversário. Fábio Veríssimo considerou que o último a tocar havia sido um verde-rubro. Aos 49, um contra-ataque muito rápido do Famalicão obrigou Trmal a uma grande defesa.

55 minutos: Xadas cobrou canto e Matheus Costa, nas alturas, cabeceou a rasar a barra. O Caldeirão, de novo, eclodiu de ânsia quando as redes se agitaram, mas pelas costuras. João Henriques introduziu a primeira alteração aos 60 minutos. Saiu Xadas e entrou Sonora. Aos 64, Chucho, num remate à meia-volta, surpreendeu todos. Grande tiro do venezuelano para defesa atenta do guardião adversário.

Aos 70 minutos, dupla substituição. O Capitão Edgar Costa e Joel entraram para os lugares de Diogo Mendes e de Chucho. Aos 72, Vidigal esgueirou-se pela esquerda e acabou por exagerar no drible quando já havia conquistado posição para atirar à baliza. Continuava o Leão faminto a morder o Famalicão. O Caldeirão em ebulição como nos melhores tempos. Que paixão notável. Dentro de campo, os jogadores correspondiam com total entrega. O Famalicão, cada vez mais encolhido, procurava saídas rápidas. Numa delas, Ivo Rodrigues testou Trmal. Mas só dava Marítimo. Sonora atirou de longe, canto para o Marítimo. Bola na área, o Famalicão afasta, Winck recupera e atira fortíssimo. O Caldeirão ouviu-se em todo o Atlântico, mas a bola passou um pouco ao lado. Pouco depois, foi Joel Tagueu, de cabeça, a falhar o alvo por pouco. Respondeu o Famalicão. Jogo perigoso para taquicardias. O remate dos famalicenses não falhou por muito o alvo. Aos 80, a defesa da noite pertenceu a Tramal. Contra a corrente do jogo, o Famalicão mostrava que queria os três pontos. Sofria-se muito nos Barreiros.

Percy Liza entrou aos 83 minutos para o lugar de Cláudio Winck. Aos 87, Sonora fez golo, anulado por fora-de-jogo. Já nos descontos, o Marítimo continuava em busca do golo. Cantos sucessivos, Joel à beira da felicidade. Temperaturas elevadíssimas nos Barreiros, mas a bola não entrou. Os mais de 9300 Maritimistas que nunca regatearam esforços no apoio à equipa mereciam mais. Os jogadores mereciam mais. O Marítimo merecia mais. Faltou a vitória para que esta noite reivindicasse perenidade na História do Caldeirão. Quem viu, sabe.

Agora, vamos à conquista do Castelo. Obrigado, Maritimistas.